sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Depois de nove perfeitos meses de gestação, no dia 21 de março de 2010 nosso desejado pequeninho veio ao mundo em condições bastante difíceis. Parecia tudo perfeito para o tão esperado parto normal - as contrações, a dilatação além do normal e a excelente posição do bebê. Porém o parto foi mal conduzido, a anestesia exagerada acabou com as contrações e a "equipe" insistiu no "parto normal" por muito tempo, sem o monitoramento adequado. A decisão de se fazer cesária aconteceu após um longo período de sofrimento fetal e o nosso bravo Valente, mesmo assim, veio ao mundo sem chorar, resistiu a duas paradas cardiorrespiratórias e inspirou muito mecônio.

Cuidados intensivos pós parto? Não, a equipe o enviou para o quarto, ignorando completamente o risco eminente de uma lesão cerebral, e alguns dias depois quase o perdemos por hipoglicemia e desidratação. Zero sucção do peito e da mamadeira, muitas injeções de antibiótico e uma absurda alta hospitalar quando o quadro era visivelmente gravíssimo. Assim, com apenas quatro dias de vida, o levamos para Goiânia e ele foi imediatamente internado na UTI e separado da sua mamãe que só o podia ver nos horários em que a fonoaudióloga ensinava o bebê a sugar o peito. Dias difíceis pra nós... Mas, alguns dias depois o pequeno vitorioso, não sem muita dificuldade, conseguiu sugar o peito e voltar para casa. Segundo os médicos que o atenderam em Goiânia, só o tempo diria se havia ficado alguma sequela neurológica.

Seis meses depois, muito preocupados com o comportamento do bebê que chorava o dia todo, dormia muito pouco e não apresentava o desenvolvimento motor compatível com o esperado, o trouxemos para Florianópolis SC para uma avaliação neurológica, onde recebemos uma difícil sentença: paralisia cerebral. Logo essas palavras se tornaram ainda mais difíceis e tivemos que conviver com outras palavras como tetraplégico, atetóide, espástico, distônico e por último, após o primeiro episódio de convulsão, epiléptico.

Depois desse tornado, os ânimos serenaram e nossa vida se tranformou. Estimulação e terapia passaram a ser as palavras de ordem. Aprendemos a ver a vida de uma outra forma e a dar valor as pequenas coisas. Vemos o nosso filho como um ser humano cheio de vida e capaz de ser feliz apesar de suas limitações, mas reconhecemos que o seu cotidiano é difícil e que exige muita dedicação. Preferimos dizer como Dr. Ramón Cuevas, seu maravilhoso terapeuta CME, que o Caiano tem ainda uma parte do cérebro imaturo e, ao ser bem estimulado, o levará para um futuro brilhante. Por isso, este blog, e esta luta pelo melhor método de estimulação. Nós acreditamos no Caiano, acreditamos no seu desenvolvimento motor e precisamos do auxílio de todos para tornar possível a ele um futuro brilhante.

Hoje com quase dois anos, nosso Caianinho ainda não consegue sentar, nem rolar, mas está abrindo mais as mãozinhas. Graças a sua maravilhosa fonoaudióloga, Dra. Maeve Moura, ele consegue comer sua papinha, escapando da sonda que já esteve como uma possibilidade bem próxima a nos assombrar. Consegue dizer 'dadae' (papai), água e 'dedei' (mamadeira). Graças aos balés com sua fisioterapeuta Nelci (Nenê), ele mantém um bom controle da sua cabeça e a vira para onde quer, e já começa a desenvolver um controle de tronco. É uma criança inteligente, encantadora e apaixonada por música.

Adiante Caiano Valente, te amamos e acreditamos na tua evolução!

Cynthia e Issakar

Quem eu sou

Sou o um menino apaixonado pela vida. Gosto de rir quando estou feliz e fico feliz com coisas muito simples. Eu adoro ouvir o som de qualquer instrumento musical, principalmente o do violão do meu pai e a gaita do Júlio (Cocoricó). Gosto de que cantem pra mim e só durmo assim, com música. Vou sorrindo e fechando os olhinhos. E custo muito pra dormir, pois eu quero aproveitar o dia até o fim.Na televisão eu só quero duas coisas, a bandinha da turma do Júlio e os musicais do Cantajuegos que eu herdei do meu primo Bruno.

Eu adoro ouvir o idioma espanhol, principalmente quando falado pelo meu querido fisioterapeuta Dr. Ramón Cuevas. Às vezes eu choro quando estou fazendo os meus intensivos de CME, porque exigem bastante de mim e provocam movimentos que desafiam o meu cérebro e o meu corpo. Mas eu gosto de ser desafiado e quando acaba a sessão eu fico maravilhado ouvindo o tio Ramón. Adoro quando ele diz “trabaja cerebrito, elije lo que es bueno para tí”. Sinto que ele acredita no meu potencial e meus pais também.

Tenho uma família encantadora, brincalhona e contadora de histórias. Eu me divirto muito com todos e adoro ser paparicado, principalmente pelo meu melhor amigo, o meu primo Bruno de 4 anos que diz que gosta de mim como seu eu fosse seu próprio filho. Eu adoro fazer bagunça com ele na casa da vovó Mary. Adoro água, mar e piscina. Eu me divirto muito quando meus pais me ajudam a nadar. Eu bato minhas perninhas vigorosamente e dou gritinhos de alegria. Uma festa!!!!!

Eu sei pedir tudo que eu quero, sou bem esperto e estou aprofundando minha esperteza, como eu ainda não articulo bem as palavras e minha mãos ainda não me obedecem bem, eu olho bem para aquilo que eu quero e olho bem para quem eu acho que pode resolver o meu problema. Eu repito este movimento até conseguir. Funciona bem, sobretudo com a minha vó Mary que só desliga o Julio (Cocoricó) quando eu durmo. Há, há.Tenho uma paixão.

Minha fonoaudióloga, a tia Maeve. Quando o interfone toca, meu coração dispara e quando a sessão começa eu não quero mais que termine, eu fico esperando sair da sua bolsa encantada, uma infinidade de brinquedos, com diferentes texturas. E então eu me rendo, e faço tudo que ela quer. Agora estou aprendendo a estralar a língua e a soprar a minha vela de dois anos. Também adoro minha fisio, tia Nenê (Nelci) que me atende desde os meus seis meses. Ela é uma amigona atenta a todos os meu passos. Eu gosto de deitar e rolar com ela ouvindo o cocoricó e sentindo os maravilhosos aromas e cores de sua sala. Ela diz que eu estou cada vez melhor e mais fofo - e é verdade!

Minha vida é bastante movimentada, é fisioterapia pra cá, fono pra lá, exercícios de CME com os meus pais, médicos, exames etc.. Mas eu também brinco bastante e logo logo vou ter mais amigos pois estou me preparando para ir para uma escolinha e estar com outras crianças da minha idade. Estou procurando uma babá que brinque comigo horas sem parar. Eu sou uma criança como qualquer outra e gosto mesmo é de brincar.

Um comentário:

ana moro disse...

Que os pais continuem tendo forças pra continuar dando apoio a esse menino encantador! Parabens, familia linda!

De menos